Dizem que o pai não vale nada, mas não importa. Para mim o meu pai, serviu de modelo do pai, e o modelo é uma força poderosa que move as pessoas em busca do pai verdadeiro que encontrei como herói, e referência básica no sentido da orientação e do respeito aos diferentes e aprendizes de limites necessários para a convivência.
Claro que também como filho aprendi com ele essa orientação e hoje como pai também sinto o dever de oferecê-la pois nesta conjunção entre a necessidade de um e o dever do outro, se dá e se criam as condições para uma educação adequada do filho, até ser pai de si mesmo.
O meu pai esteve e estará sempre presente e ao meu lado, o que contraria uma maioria conformada e que oculta a figura do pai por imposições sociais. Por isso encontram-se ausentes.
O filho não pode, nem tem que sentir um vazio, apesar de ser frequente nos dias de hoje...fazem-se opções de vida.
O filho espera o pai que não vem ou que saiu de cena ou que foi substituído pelo herói mais próximo, mas sem a figura interior do pai, o pai – herói e tem tendência a imitar e sentir-se vazio, perdido, sem rumo na vida, psiquicamente desorganizado e perdido.
Por outro lado o pai pelas opções feitas, ou até pela absorção do mundo, nem chega a sentir um dever de pai
Nesse caso para o filho, o pai é um anti-heroi.
A lógica do fim começa pelo princípio, um filho nos dois a três primeiros anos regista, é exactamente nesse momento que a influência da mãe lhe garante o sentimento de acolhedora e de amor incondicional, revertendo daí a auto-estima e a segurança da criança, e só mais tarde é que surge a figura do pai.
Por outro lado o pai é a ponte entre toda a família, e o mundo dos outros e da sociedade em geral, mas se o filho não tem junto de si o pai, entra num processo de ansiedade e de medo, deixa o centro da família e lança-se num mundo onde há diferenças, normas e conflitos de uma forma insegura.
O meu pai conseguiu manter sempre o centro da família, além da função de ser meu pai teve um papel fundamental em me ajudar a fazer a travessia, que sem ele não me sentiria seguro.
Ensinou-me a reconhecer e respeitar limites e acolher normas que lhe permitem conviver pacificamente com os outros, apesar de assistirmos á já algum tempo que numa maioria ambos, tanto pai, como filhos, se encontram em crise, ambos estão à espera um do outro com sofrimento e infinita saudade…
Bom, a verdade é que se fosse possível concretizar aquilo que os mortais mais desejam.
A primeira coisa que eu pediria aos deuses, seria que o meu PAI estivesse ao meu lado, mas sabemos que desejos não passam disso mesmo e eu sei que meu pai não pode voltar, recordo-o nos seus trabalhos, nas suas lutas e tentarei com todo o tempo e conforme me ensinou, seguir cada passo que deu, mas com mais segurança, até o encontrar.